segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Recordações da vargem

Recordações da vargem


I
Não me posso esquecer
Daquela vargem adorada
Onde se bebiam os copos
E se comia a carne assada

II
Quando íamos para a ribeira
Era uma grande alegria
Todos em procissão
Parecia uma romaria

III
Íamos de manhã
De sacos na mão
Uns levavam as grelhas
Outros o garrafão

IV
Chegávamos à ribeira
Procurávamos um lugar
Íamos a lenha
Para o lume queimar

V
 Fazia-se o lume
Assava-se a sardinha
Virava-se a carne
Com o garfo ou uma varinha

VI
Não havia mesa
Bancos também não
Estendia-se a toalha
Comia-se no chão

VII
Já no meio da tarde
Acabava a refeição
As mulheres lavavam a loiça
 Os homens o garrafão

VIII
Alguns se deitavam
Começavam a roncar
Outros jogavam as cartas
Outros iam nadar


IX
Vinha depois o caldo verde
Que sabia tão bem
Quando era à tardinha
Não fazia mal a ninguém

X
Tudo isto era lindo
Era uma brincadeira
Todos a comer e beber
A beira da ribeira

XI
Íamo-nos embora
Todos com animação
Tínhamos de acabar
O vinho do garrafão

XII
Subíamos a ladeira
Todos com alegria
Sempre a cantar
Nesta romaria


XIII
Chegávamos ao cimo
Um pouco cansados
De tanto cantarmos
Canções e fados

XIV
Os mais pequenos
Que já mal podiam andar
La estavam os burrinhos
Para os transportar

XV
Continuávamos o caminho
E era já a descer
Chegávamos a casa
Ao anoitecer



José Manuel Lourenço

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