Homenagem
aos carvoeiros de Malcata
I
Estes
homens de coragem
E de
trabalho muito duro
Era sempre
a trabalhar
No presente
e no futuro
II
Era na
Serra
Que iam
fazer o carvão
Para terem
em casa
Fartura de
pão
III
Dezenas de
famílias
Viviam
desta profissão
Tanto no
inverno
Como no
verão
IV
Levantavam-se
cedo
Os homens
do carvão
Toca a
subir a serra
Para em
casa terem pão
V
Eram
dezenas de homens
Que seguiam
este caminho
Com um
enxadão ao ombro
Com a
merenda e o vinho
VI
Era preciso
licença
Para
poderem trabalhar
Era em Vale
de Espinho
Que a iam
comprar
VII
Sem esta
licença
Era a
arriscar
Pela a
serra andava
O guarda a
vigiar
VIII
O dono do
terreno
Era um
homem com tino
Era um
homem muito rico
Chamado
Florentino
X
Era à
segunda feira
Que queriam
fazer mais
À terça
feira de manhã
Subiam as
mulheres com os animais
XI
Chegavam
estas ao destino
Que
conheciam também
Em casa
ficavam os filhos
À espera do
pai e da mãe
XII
Se os sacos
não estavam cheios
As mulheres
tinham de ajudar
Para ser
mais depressa
Para os
burros puderem carregar
XIII
Depois de
carregados
Havia mais
alegria
Toca a
descer a Serra
Os dois em
companhia
XIV
Eram quatro
sacos
Que tinham
de trazer
Depois do
trabalho dos homens
Eram os
burros a sofrer
XV
Chegavam a
casa
Já fartos
de sofrer
Toca a
lavarem-se
Para irem
comer
XVI
Já estava a
pensar
Quando
estava a comer
Qual seria
o dia
Para o
carvão irem vender
XVII
Era sempre
ao domingo
E a quinta
feira
Chegam
a casa à tardinha
Com
dinheiro na carteira
XVIII
Chegam
sempre em grupo
A cavalo
nos burrinhos
Chegam a
casa alegres
Já com
alguns copinhos
XIX
Fazem
alguns quilómetros
Para
chegarem a Pêga e Adão
Era nestas
duas terras
Que iam
vender o carvão
XX
Das terras
vizinhas
Aqui vinham
comprar
Para nas
suas terras
As forjas
possam trabalhar
XXI
Como vêem o
carvão
Fazia
homens e burros sofrer
Para as
famílias em casa
Terem pão
para comer
XXII
Muitos
carvoeiros
Tinham
outros trabalhos
Vão ao contrabando
E no verão
aos ramalhos
XXIII
Alguns são
pastores
De cabras e
ovelhas
Outros
cultivam as terras
Alguns
possuem abelhas
XXIV
Com vêem
estas famílias
Viviam mais
ou menos bem
Pela
coragem que tinham
Toda a
gente lhes queria bem
XXV
Foi nos anos
cinquenta e seis
Que
pensavam a vida mudar
Para terem
outros trabalhos
Tiveram de
emigrar
XXVI
Pensavam
numa nova vida
E com muita
esperança
Pensamento
deles
Era irem
para a França
XXVII
Homenagem
também
Àqueles que já partiram
Eles e os
burrinhos
Tantas
vezes a serra subiram
XXVIII
Obrigado
aos carvoeiros
Um abraço à
sua imagem
Pelo seu
grande trabalho
E pela sua
grande coragem
José Manuel Lourenço