segunda-feira, 22 de maio de 2017

“A escola e o professor” Homenagem ao professor Pereira

“A escola e o professor”
Homenagem ao professor Pereira

1946 /1947 (quando o José Manuel Lourenço entrou no ensino)


I
Trabalhou anos aqui
Sempre a ensinar
Os alunos que levava a exame
Tinham todos que passar

II
Foi em Malcata
Que começou a ensinar
Muitos anos aqui passou
Até se reformar

III
Malcata respeitava-o
Além de ser muito duro
Mas ensinava bem
Para os novos viverem no futuro

IV
Os pais tinham confiança
Os filhos tinham de aprender
Dava castigos muito duros
Até chegava a bater

V
A escola tinha duas salas
Uma para os rapazes outra para as raparigas
Aprendíamos a dançar
E também algumas cantigas

 VI
Lembro-me destas coisas
E de outras coisas mais
Este professor ensinou filhos
E também alguns pais

VII
Havia muitos alunos
Quatro classes a ensinar
Este professor Pereira
Não tinha tempo para descansar

VIII
Quando passava pela gente
Gostava de conversar
A aldeia gostava dele
Por ser amigo de ajudar

IX
A escola do passado
Com as de agora não tinha nada a ver
Não tinham casas de banho
Nem aquecimento para aquecer

X
Quando era no inverno
Latas com brasas arder
Era à volta destas
Que nos podíamos aquecer

XI
Quando era ao intervalo
Meninos e meninas a correr
Para as casas banho do tempo
Onde as necessidades íamos fazer

 XII
Adeus professor Pereira
Malcata te agradece
Estejas onde estiveres
Esta gente não esquece

XIII
Nasceu em Vale de Espinho
Em Malcata foi reformado
Voltou à sua terra natal
Para ali ser sepultado

XIV
O dia funeral
Malcata toda se deslocou
Agradecerem a homenagem
Pelo trabalho que aqui prestou


FIM



            

sábado, 15 de abril de 2017

A praia fluvial de Malcata

I
Malcata foi bela
E continua a ser
Com a praia fluvial
Também nos dá prazer

II
Não é muito grande
Mas tem o seu encanto
Á noite adormece
Escondida no seu recanto

III
Peço à gente de fora
Que venham ver
O que esta pequena praia
Tem para lhe oferecer

IV
Com areia fina
Para os meninos brincar
Com bancos e mesas
Com grelhadores para grelhar

V
Visitem esta linda praia
De manhã ou à tardinha
Com três grelhadores
Para grelhar carne ou sardinha

VI
Á beira da praia
Também podem pescar
Peixes fresquinhos
Para poderem grelhar

 VII
Há quatro cafés na terra
Fazem parte da animação
Neles se fazem convívios
Todos alegram o coração

VIII
Entrem neles
Só para ver
Os patrões lá estão
Para vos receber

IX
Bebida não falta
Simpatia também não
Ao saírem deles
Levam alegria no coração

X
Malcata é assim
Voltem novamente
Malcata de braços abertos

Para receber toda a gente


José Manuel Lourenço


FIM

domingo, 24 de agosto de 2014

Homenagem aos carvoeiros de Malcata

Homenagem aos carvoeiros de Malcata


I
Estes homens de coragem
E de trabalho muito duro
Era sempre a trabalhar
No presente e no futuro

II
Era na Serra
Que iam fazer o carvão
Para terem em casa
Fartura de pão

III
Dezenas de famílias
Viviam desta profissão
Tanto no inverno
Como no verão
   
IV
Levantavam-se cedo
Os homens do carvão
Toca a subir a serra
Para em casa terem pão

V
Eram dezenas de homens
Que seguiam este caminho
Com um enxadão ao ombro
Com a merenda e o vinho

VI
Era preciso licença
Para poderem trabalhar
Era em Vale de Espinho
Que a iam comprar

VII
Sem esta licença
Era a arriscar
Pela a serra andava
O guarda a vigiar

VIII
O dono do terreno
Era um homem com tino
Era um homem muito rico
Chamado Florentino

X
Era à segunda feira
Que queriam fazer mais
À terça feira de manhã
Subiam as mulheres com os animais

XI
Chegavam estas ao destino
Que conheciam também
Em casa ficavam os filhos
À espera do pai e da mãe

XII
Se os sacos não estavam cheios
As mulheres tinham de ajudar
Para ser mais depressa
Para os burros puderem carregar

XIII
Depois de carregados
Havia mais alegria
Toca a descer a Serra
Os dois em companhia

XIV
Eram quatro sacos
Que tinham de trazer
Depois do trabalho dos homens
Eram os burros a sofrer

XV
Chegavam a casa
Já fartos de sofrer
Toca a lavarem-se
Para irem comer

XVI
Já estava a pensar
Quando estava a comer
Qual seria o dia
Para o carvão irem vender

XVII
Era sempre ao domingo
E a quinta feira
Chegam a  casa à tardinha
Com dinheiro na carteira

XVIII
Chegam sempre em grupo
A cavalo nos burrinhos
Chegam a casa alegres
Já com alguns copinhos

XIX
Fazem alguns quilómetros
Para chegarem a Pêga e Adão
Era nestas duas terras
Que iam vender o carvão

XX
Das terras vizinhas
Aqui vinham comprar
Para nas suas terras
As forjas possam trabalhar

XXI
Como vêem o carvão
Fazia homens e burros sofrer
Para as famílias em casa
Terem pão para comer

XXII
Muitos carvoeiros
Tinham outros trabalhos
Vão ao contrabando
E no verão aos ramalhos

XXIII
Alguns são pastores
De cabras e ovelhas
Outros cultivam as terras
Alguns possuem abelhas

XXIV
Com vêem estas famílias
Viviam mais ou menos bem
Pela coragem que tinham
Toda a gente lhes queria bem

XXV
Foi nos anos cinquenta e seis
Que pensavam a vida mudar
Para terem outros trabalhos
Tiveram de emigrar

XXVI
Pensavam numa nova vida
E com muita esperança
Pensamento deles
Era irem para a França

XXVII
Homenagem também
 Àqueles que já partiram
Eles e os burrinhos
Tantas vezes a serra subiram

XXVIII
Obrigado aos carvoeiros
Um abraço à sua imagem
Pelo seu grande trabalho

E pela sua grande coragem


José Manuel Lourenço