domingo, 24 de agosto de 2014

Homenagem aos carvoeiros de Malcata

Homenagem aos carvoeiros de Malcata


I
Estes homens de coragem
E de trabalho muito duro
Era sempre a trabalhar
No presente e no futuro

II
Era na Serra
Que iam fazer o carvão
Para terem em casa
Fartura de pão

III
Dezenas de famílias
Viviam desta profissão
Tanto no inverno
Como no verão
   
IV
Levantavam-se cedo
Os homens do carvão
Toca a subir a serra
Para em casa terem pão

V
Eram dezenas de homens
Que seguiam este caminho
Com um enxadão ao ombro
Com a merenda e o vinho

VI
Era preciso licença
Para poderem trabalhar
Era em Vale de Espinho
Que a iam comprar

VII
Sem esta licença
Era a arriscar
Pela a serra andava
O guarda a vigiar

VIII
O dono do terreno
Era um homem com tino
Era um homem muito rico
Chamado Florentino

X
Era à segunda feira
Que queriam fazer mais
À terça feira de manhã
Subiam as mulheres com os animais

XI
Chegavam estas ao destino
Que conheciam também
Em casa ficavam os filhos
À espera do pai e da mãe

XII
Se os sacos não estavam cheios
As mulheres tinham de ajudar
Para ser mais depressa
Para os burros puderem carregar

XIII
Depois de carregados
Havia mais alegria
Toca a descer a Serra
Os dois em companhia

XIV
Eram quatro sacos
Que tinham de trazer
Depois do trabalho dos homens
Eram os burros a sofrer

XV
Chegavam a casa
Já fartos de sofrer
Toca a lavarem-se
Para irem comer

XVI
Já estava a pensar
Quando estava a comer
Qual seria o dia
Para o carvão irem vender

XVII
Era sempre ao domingo
E a quinta feira
Chegam a  casa à tardinha
Com dinheiro na carteira

XVIII
Chegam sempre em grupo
A cavalo nos burrinhos
Chegam a casa alegres
Já com alguns copinhos

XIX
Fazem alguns quilómetros
Para chegarem a Pêga e Adão
Era nestas duas terras
Que iam vender o carvão

XX
Das terras vizinhas
Aqui vinham comprar
Para nas suas terras
As forjas possam trabalhar

XXI
Como vêem o carvão
Fazia homens e burros sofrer
Para as famílias em casa
Terem pão para comer

XXII
Muitos carvoeiros
Tinham outros trabalhos
Vão ao contrabando
E no verão aos ramalhos

XXIII
Alguns são pastores
De cabras e ovelhas
Outros cultivam as terras
Alguns possuem abelhas

XXIV
Com vêem estas famílias
Viviam mais ou menos bem
Pela coragem que tinham
Toda a gente lhes queria bem

XXV
Foi nos anos cinquenta e seis
Que pensavam a vida mudar
Para terem outros trabalhos
Tiveram de emigrar

XXVI
Pensavam numa nova vida
E com muita esperança
Pensamento deles
Era irem para a França

XXVII
Homenagem também
 Àqueles que já partiram
Eles e os burrinhos
Tantas vezes a serra subiram

XXVIII
Obrigado aos carvoeiros
Um abraço à sua imagem
Pelo seu grande trabalho

E pela sua grande coragem


José Manuel Lourenço

sábado, 2 de agosto de 2014

O NOSSO LOGÓTIPO




Também já temos o nosso próprio símbolo, nosso próprio logótipo!  



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Queríamos expandir os nossos horizontes, para que mais gente se pudesse deliciar com os poemas do nosso grande Zé! 
Desse modo já nos encontramos na tão famosa rede social, facebook. O facebook vai nos ajudar a divulgar novas publicações do blog, novos tesouros para todo o mundo!


As malhas nas eiras, em tempos passados



I
No dia antes
Toca já a trabalhar
Preparar a eira
Para o centeio se malhar

II
A malha era feita
Com muitos homens a bater
Era feita só num dia
Era dia de sofrer

III
Era dia de alegria
Dia de animação
Era dia de muito trabalho
Mas também do garrafão

IV
O dia da malha
Juntava muita gente
Homens mulheres e raparigas
Sempre alegres e contentes

V
Fortes e boas
Diziam os homens a correr
Para trás e para a frente
Mas com força a bater

VI
Chegavam ao fim da eira
Iam descansar
As mulheres tiravam a palha
Outros homens iam a atar

VII
Os homens que malhão
À sombra bem fresquinha
Vão comendo azeitonas
E bebendo umas pinguinhas

VIII
Acabaram as mulheres
De limpar a eira
Voltam os malhadores
Estender o pão na brincadeira

VIX
Este trabalho é feito
A brincar e a correr
Tem de ser assim
Não há tempo a perder

X
Chega ao meio dia
É hora do jantar
É um grande momento
Para toda a gente descansar

XI
A mesa está pronta
Hoje é dia de trabalho e festa
Comida à fartura e boa
Para toda esta orquestra

XII
Regressão à eira
Todos a trabalhar
Todos com coragem
Para a malha terminar

XIII
Começam os homens a bater
O centeio está quentinho
O centeio salta melhor
Com um copinho de vinho

XIV
É sempre assim
Até a malha terminar
Só no fim do trabalho
Há tempo para descansar

XV
Mulheres e raparigas
Andavam sempre a correr
A transportar a palha
Antes do anoitecer

XVI
Havia homens no palheiro
Para assentar a palha
Era sempre assim
No dia da malha

XVII
Como todos vêem
Não era brincadeira
Quando não havia vento
Ficava o centeio na eira

XVIII
Quando este chegava
Deitavam o grão ao ar
Com pás de madeira
Para a munha voar

XIX
 As arcas de madeira
Que serviam de celeiro
Deste grão comiam
Barbeiro e moleiro

XX
Estes celeiros
De grande tamanho
Toda a gente tinha neles
Pão para todo o ano

XXI
Os forneiros e patrões
Comiam também
Do pão tão gostoso
Que cozia a minha mãe

XXII
Foi nos anos cinquenta e seis cinquenta e sete
Apareceram máquinas para malhar
Era sempre à pressa
Não havia tempo para descansar

XXIII
Com estas máquinas
Toda a gente corria
Faziam-se várias malhas
No mesmo dia

XXIV
Mais tarde apareceram
Novas máquinas a ceifar
Estas cortavam e malhavam
Deixavam a palhar por atar

XXV
Novas máquinas vieram
Com mais perfeição
Faziam todo o trabalho
Era só ensacar o grão


José Manuel Lourenço