À carranja
do centeio para as eiras
I
O
transporte do centeio
É um
trabalho delicado
Para o grão
não cair
Quando está
a ser carregado
II
Lembro-me
bem
E não me
posso esquecer
Quando
chegávamos ao restolho
Era ao
amanhecer
III
Os carros
eram carregados
Todos com
perfeição
Mas sempre
com cuidado
Para não
cair o grão
IV
Os
estadulhos eram altos
E todos bem
afiados
Para os
molhos enfiarem neles
Quando
estão a ser carregados
V
Depois de
carregados
Eram
apertados
Com cordas
compridas
Por estas
abraçados
VI
Começavam o
caminho
A subir e a
descer
Vacas e
lavradores
Começavam a
sofrer
VII
Juntavam-se
os lavradores
Para esta
tarefa fazer
Neste
trabalho delicado
Não havia
tempo a perder
VIII
O caminho
era duro
Difícil de
subir
Era preciso
duas juntas
Para o
carro sair
IX
Quando
chegavam ao cimo
Depois já a
descer
Vacas e
lavradores
Com coragem
e prazer
X
Chegavam à
eira
Toca a
descarregar
Faziam a
meda
Para irem
jantar
XI
Comiam à
pressa
E sempre
com prazer
Tinham de
voltar ao restolho
Não havia
tempo a perder
XII
Continuavam
o trabalho
Sempre com
alegria
Ficavam
contentes
Quando
chegava o fim do dia
XIII
Terminada a
meda
Feita com
perfeição
Bebiam mais
um copo
Do vinho do
garrafão
XIV
Todos com
alegria
Dava gosto
de ver
Agora a
meda feita
Já pode
chover
XV
No cimo da
meda
Um plástico
a tapar
Se chover
muito
Para o pão
não se molhar
XVI
Alguns não
tapavam
Começava a
chover
Com
plásticos na mão
Para a eira
a correr
XVII
O pão é
delicado
Não se pode
molhar
Quando está
molhado
Não se pode
malhar
XVIII
Por isso as
medas
São feitas
com perfeição
Para este
ser protegido
Para melhor
saltar o grão
XIX
Quando esta
terminava
Alguns dias
para repousar
Começavam
de novo
A pensar em
malhar
XX
Quando
estas acabarem
Ficam as
pessoas descansadas
Já podem
dormir melhor
Não se
levantam nas madrugadas
FIM
José Manuel Lourenço