Os velhos moinhos
I
Tinham três pedras
A que chamavam mós
Moíam o pão
Que nos davam as nossas avós
II
Caía o grãozinho
Dentro do buraquinho
Caía a farinha
Para dentro do saquinho
III
Os moleiros neles dormiam
Em noites de lua cheia
Não havia luz
Tinhas todos uma candeia
IV
Levantavam-se cedo
Seguiam sempre o mesmo caminho
Tocando os burrinhos
Direitinhos aos moinhos
V
Levantavam-se de manhã
Não bebiam o café
Seguiam para o moinho
A cavalo ao a pé
VI
Esperavam as mulheres
O moleiro com alegria
Que lhes trazia a farinha
Para cozerem nesse dia
VII
Coziam o pão
E não tinham preguiça
Até faziam bolinhos
Misturando-lhe chouriça
VIII
Era um regalo
Comê-lo quentinho
E acompanha-lo
Com um copinho de vinho
IX
Obrigado mãezinha
Que me davas carinho e pão
Por mais anos que eu viva
Guardo-te no meu coração
X
Mudem também o moinho
Para este viver
É a história de Malcata
Não se pode perder
XI
Malcata é bela assim
De admira-la não me farto
Era mais bela ainda
Com o moinho ao regato
XII
Seria uma alegria
Para a história reviver
Vermos no regato
O moinho a moer
XIII
Até o regato
Ficava contente
Voltar a ter um moinho
Como tinha antigamente
Moinho actual de Malcata, muito semelhante aos da época. |
José Manuel Lourenço