I
No dia
antes
Toca já a
trabalhar
Preparar a
eira
Para o
centeio se malhar
II
A malha era
feita
Com muitos
homens a bater
Era feita
só num dia
Era dia de
sofrer
III
Era dia de
alegria
Dia de
animação
Era dia de
muito trabalho
Mas também
do garrafão
IV
O dia da
malha
Juntava
muita gente
Homens
mulheres e raparigas
Sempre
alegres e contentes
V
Fortes e
boas
Diziam os
homens a correr
Para trás e
para a frente
Mas com
força a bater
VI
Chegavam ao
fim da eira
Iam
descansar
As mulheres
tiravam a palha
Outros
homens iam a atar
VII
Os homens
que malhão
À sombra
bem fresquinha
Vão comendo
azeitonas
E bebendo
umas pinguinhas
VIII
Acabaram as
mulheres
De limpar a
eira
Voltam os
malhadores
Estender o
pão na brincadeira
VIX
Este
trabalho é feito
A brincar e
a correr
Tem de ser
assim
Não há
tempo a perder
X
Chega ao
meio dia
É hora do
jantar
É um grande
momento
Para toda a
gente descansar
XI
A mesa está
pronta
Hoje é dia
de trabalho e festa
Comida à
fartura e boa
Para toda
esta orquestra
XII
Regressão à
eira
Todos a
trabalhar
Todos com
coragem
Para a
malha terminar
XIII
Começam os
homens a bater
O centeio
está quentinho
O centeio
salta melhor
Com um
copinho de vinho
XIV
É sempre
assim
Até a malha
terminar
Só no fim
do trabalho
Há tempo
para descansar
XV
Mulheres e
raparigas
Andavam
sempre a correr
A
transportar a palha
Antes do
anoitecer
XVI
Havia
homens no palheiro
Para
assentar a palha
Era sempre
assim
No dia da
malha
XVII
Como todos
vêem
Não era
brincadeira
Quando não
havia vento
Ficava o
centeio na eira
XVIII
Quando este
chegava
Deitavam o
grão ao ar
Com pás de
madeira
Para a
munha voar
XIX
As arcas de madeira
Que serviam
de celeiro
Deste grão
comiam
Barbeiro e
moleiro
XX
Estes
celeiros
De grande
tamanho
Toda a
gente tinha neles
Pão para
todo o ano
XXI
Os
forneiros e patrões
Comiam
também
Do pão tão
gostoso
Que cozia a
minha mãe
XXII
Foi nos
anos cinquenta e seis cinquenta e sete
Apareceram
máquinas para malhar
Era sempre
à pressa
Não havia
tempo para descansar
XXIII
Com estas
máquinas
Toda a
gente corria
Faziam-se
várias malhas
No mesmo
dia
XXIV
Mais tarde
apareceram
Novas
máquinas a ceifar
Estas
cortavam e malhavam
Deixavam a
palhar por atar
XXV
Novas
máquinas vieram
Com mais
perfeição
Faziam todo
o trabalho
Era só
ensacar o grão
José Manuel Lourenço
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