A Serra e o
centeio nos anos passados
I
Oh linda
serra
Serra do
meu coração
Davas
carqueja para queimar
E também
fartura de pão
II
Quando
chegava a primavera
Os
lavradores vão lavrar
Quando
chega o outono
O grão vão
semear
III
No ano a
seguir
Quando
chega o São João
Preparam-se
nagalhos e foice
Para se
ceifar o pão
IV
Nos cabeços
e encostas
Faz ondas o
centeio
Formam-se
grandes grupos
Para ver
quem ceifa primeiro
V
Começam as
foices a cortar
Homens e
mulheres a cantar
Todos com
alegria
Para a
ceifa continuar
VI
Esta dura
vários dias
Todos os
dias a cantar
O cantar dá
energia
Para o pão
se terminar
VII
Quando
chegava a tarde
Aproximavam-se
os pastores
Com os seus
rebanhos
Para ajudar
os lavradores
VIII
Todos
juntavam o pão
Com os
pastores a ajudar
Por de trás
as cabrinhas
Começavam a
pastar
IX
Comiam as
espigas
Que caiam
da mão
Para elas
era bom
Pois
estavam cheias de grão
X
Regressavam
à aldeia
Ceifeiros e
lavradores
Nos
restolho continuavam
As
cabrinhas e os pastores
XI
Chegavam à
noite a casa
Já fartos
de trabalhar
Lavavam-se
à pressa
Para irem
cear
XII
A ceia
estava pronta
Como na
noite de entrudo
Na mesa não
podia faltar
O saboroso
caldudo
XIII
Este é
feito de castanha seca
E nunca
leva azeite
Há quem
goste mais dele
Com um copo
de leite
XIV
Continuavam
nas escadas
Muitos a
conversar
Outros vão
se embora
Para irem
descansar
XV
É sempre
assim
Até a ceifa
terminar
Uns
terminam mais depressa
Outros mais
devagar
FIM
José Manuel Lourenço
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