sexta-feira, 18 de abril de 2014

A Serra e o centeio nos anos passados

A Serra e o centeio nos anos passados


I
Oh linda serra
Serra do meu coração
Davas carqueja para queimar
E também fartura de pão

II
Quando chegava a primavera
Os lavradores vão lavrar
Quando chega o outono
O grão vão semear

III
No ano a seguir
Quando chega o São João
Preparam-se nagalhos e foice
Para se ceifar o pão

IV
Nos cabeços e encostas
Faz ondas o centeio
Formam-se grandes grupos
Para ver quem ceifa primeiro

V
Começam as foices a cortar
Homens e mulheres a cantar
Todos com alegria
Para a ceifa continuar

VI
Esta dura vários dias
Todos os dias a cantar
O cantar dá energia
Para o pão se terminar

VII
Quando chegava a tarde
Aproximavam-se os pastores
Com os seus rebanhos
Para ajudar os lavradores

VIII
Todos juntavam o pão
Com os pastores a ajudar
Por de trás as cabrinhas
Começavam a pastar

IX
Comiam as espigas
Que caiam da mão
Para elas era bom
Pois estavam cheias de grão

X
Regressavam à aldeia
Ceifeiros e lavradores
Nos restolho continuavam
As cabrinhas e os pastores

XI
Chegavam à noite a casa
Já fartos de trabalhar
Lavavam-se à pressa
Para irem cear

XII
A ceia estava pronta
Como na noite de entrudo
Na mesa não podia faltar
O saboroso caldudo

XIII
Este é feito de castanha seca
E nunca leva azeite
Há quem goste mais dele
Com um copo de leite

XIV
Continuavam nas escadas
Muitos a conversar
Outros vão se embora
Para irem descansar

XV
É sempre assim
Até a ceifa terminar
Uns terminam mais depressa
Outros mais devagar

  
FIM

José Manuel Lourenço

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