segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os velhos moinhos

Os velhos moinhos

I
Tinham três pedras
A que chamavam mós
Moíam o pão
Que nos davam as nossas avós

II
Caía o grãozinho
Dentro do buraquinho
Caía a farinha
Para dentro do saquinho

III
Os moleiros neles dormiam
Em noites de lua cheia
Não havia luz
Tinhas todos uma candeia

IV
Levantavam-se cedo
Seguiam sempre o mesmo caminho
Tocando os burrinhos
Direitinhos aos moinhos

V
Levantavam-se de manhã
Não bebiam o café
Seguiam para o moinho
A cavalo ao a pé

VI
Esperavam as mulheres
O moleiro com alegria
Que lhes trazia a farinha
Para cozerem nesse dia

VII
Coziam o pão
E não tinham preguiça
Até faziam bolinhos
Misturando-lhe chouriça

VIII
Era um regalo
Comê-lo quentinho
E acompanha-lo
Com um copinho de vinho


IX
Obrigado mãezinha
Que me davas carinho e pão
Por mais anos que eu viva
Guardo-te no meu coração

X
Mudem também o moinho
Para este viver
É a história de Malcata
Não se pode perder

XI
Malcata é bela assim
De admira-la não me farto
Era mais bela ainda
Com o moinho ao regato

XII
Seria uma alegria
Para a história reviver
Vermos no regato
O moinho a moer


XIII
Até o regato
Ficava contente
Voltar a ter um moinho
Como tinha antigamente




Moinho actual de Malcata, muito semelhante aos da época. 
























José Manuel Lourenço









2 comentários:

  1. Em palavras simples o José Manuel descreve um pouco da história de Malcata. Eu ainda conheci alguns moinhos a trabalhar. Digo-vos que quando visitava alguns, entrava e como o chão era feito com tábuas de madeira, afligia-me olhar pelas frinchas da madeira e ver a água a sair da valada para cair em cima do rodízio fazendo-o rodar. Sentia algum medo e temia que o chão se partisse todo! Tenho também na minha memória alguns moleiros: Ti Quim Nita, no moinho dos Nitas, o Moinho dos "Padres", até a família "Martins" tinha um moinho lá para o Ribeiro Grande. Oh tempos esses!!!
    Bem que gostava que os malcatanhos partilhassem mais coisas sobre estas autênticas fábricas de farinha! Haverá por aí pessoas com tantas histórias para contar...
    Zé Manel ( desculpa tratar-te assim ) obrigado por deixares partilhar connosco as tuas quadras e a tua forma tão peculiar de contar uma época, um tempo e uma forma de viver na nossa aldeia.

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  2. O meu avô agradece-lhe por todo o apoio que tem dado ao nosso blog, e reforça que o objectivo dele é mesmo reviver o passado com as pessoas!

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